20/08/2005

Crónica da semana

Ainda sobre o Viriato vale a pena ler isto aqui.

Haud semper errat fama

Ontem fui despertado pelo estrondo dos bombos dos Zés Pereira de Quintela de Orgens e vi que as luzes da Feira de São Mateus estavam acesas. Decidi ir ver as novidades. Desci do meu poleiro e como continuo às escuras... ninguém deu pela minha falta. Fui mudar de roupa, calcei umas sapatilhas confortavéis e fui ver a nova feira.
Na porta que ostenta o meu nome reparei que a decoração segue o muro e não está centrada com a entrada ou com a Avenida da Bélgica. Finalmente percebi a razão de ser do muro e da pala...
A decoração é graciosa e apresenta vários arcos curvos, com 5 estrelas muito azuis e de tamanhos variados. É encimada por uma representação de um sistema solar, com o astro central em 3D. Agradou-me bastante.
Vi depois uma rua central, parte da ex-Av. Emídio Navarro, a que irá ser reposta quando a Feira acabar, devido às inúmeras reclamações e protestos dos mercadores e moradores. A iluminação pareceu-me pouco conseguida, é pobre e muito espaçada.
Deitei os olhos às novas barracas, pequenas e com telas de correr em material plastificado que me pareceram muito fragéis e muito pouco seguras. Logo de seguida tive a confirmação, um comerciante tenciona lá deixar, durante a noite, o seu cão para ficar de guarda à barraca.
Outra novidade é que este ano as barracas estão identificadas com o nome do comerciante ou expositor.
Reparei que o palco está de costas para a Rua da Ponte de Pau, ainda bem... vou poder regalar-me, de novo, com o Tony Carreira, já no dia 20!
Até 25 de Setembro vou ver e ouvir outros artistas, na maioria da chamada música “Pimba”! Aqui não houve novidade!
Ao passar junto palco vi um grupo que avançava na minha direcção, em passo estugado, fiquei assustado e afastei-me um pouco para não correr o risco de ser reconhecido. Reparei então que traziam fatos escuros e eram comandados pelo Senhor Dr. Ruas que acompanhava um ilustre ministro, o Senhor Ministro do Ambiente e de outras coisas, Prof. Dr. Francisco Carlos da Graça Nunes Correia e era acolitado pelo Senhor Jorge e Carvalho, da Expovis e por diversos senhores vereadores da Casa Minicipal e distintas autoridades civis e militares.... os habituais.
Dirigiam-se para às barracas das farturas e certamente foram refrescar-se e provar produtos de Viseu como: Farturas à moda de Lisboa, churros recheados e os deliciosos capuccinos ou cinbalinos! Boa!
No palco actuavam as “Cabacinhas de São Tiago”, com muito alegria e com uma tocata com instrumentos bem típicos - os acordeons !
Terminadas estas danças tive que me resguardar rapidamente, pois o “Trem Eléctrico”, da 67ª Volta a Portugal em bicicleta, fazia um barulho esnsurdecedor, mesmo para ouvidos de bronze. Lá no alto ainda vi, balançando-se , duas jovens loiras, demasiado magras e pálidas para o meu gosto...
Novidade é a instalação, o jogo de luz e formas, instalado à esquerda do palco. São vários tramos de arcos cruzados, de cor azul, o mesmo azul das estrelas da entrada. Também gostei.
As ruas são este ano espaçosas, mas com pouca luz. A nossa velha feira valia muito e era apreciada pela variedade e beleza da iluminação, que mudava de arruamento para arruamento. Agora toda essa beleza se foi e no seu lugar ficaram aqueles feios e cinzentos tubos em metal com 2 pequenas lâmpadas em cima.
Na nova zona dos restaurante e das tradicionais enguias, felizmente já não vemos as barracas de anos anteriores. A Feira parecia um bairro de lata em que faltavam condições de higiene e segurança.
Saí pela Porta de São Mateus para apreciar a entrada e fiquei siderado, então não é que colocaram sobre a entrada um “buraco negro”... felizmente não me aproximei demasiado.
Apercebi-me que o povo vinha apressado, com fome de Feira e entrava logo na primeira porta disponível, que no ano passado era apenas porta de serviço e ignorava a Porta de São Mateus.
Existe agora uma nova via que atravessa longitudinalmente toda a feira, desde São Mateus, passando pelo Pavilhão Multiusos e terminando na Porta do Sol Posto. Este arruamento pareceu-me igualmente com iluminação muito sóbria e repetindo, com pequena variação o tema da outra rua.
No pavilhão, onde o calor continua insuportável, montaram de novo “stands” nos corredores, diminuindo a segurança em caso de emergência.
No terreiro em frente ficam as diversões para miúdos e graúdos. Vi muita variedade e sobretudo espaço para passear e deslocar-se de modo seguro, o que não aconteceu no ano passado, em que tudo estava ao monte e motivou enorme críticas.
De costas para o Pavia e para o Forum ficaram as barracas das loiças onde vi velhos conhecidos, do tempo em que eu ficava, iluminado e dentro da Feira e os “cacos” eram vendidos aos meus pés.
Outra novidade são os pequenos veículos eléctricos, para deslocações de deficientes, de técnicos ou socorro no recinto. Vi funcionar o sistema! Um electricista montado num carrinho buzinava furiosamente e procurava romper pela multidão que se movimentava em sentido inverso. Os vistantes olhavam incrédulos e pareciam perguntar: Para onde vai este doido ?
Na Porta do Sol Poente , mais parece que o Sol está a nascer e o aspecto da entrada é muito mau. Dá ideia tratar-se da entrada para um curro! Desculpem mas sempre fui frontal !
Voltando para o meu poleiro e caminhando para a antiga Central Eléctrica, vi que o edifício, Museu da EDP, está encerrado, tem aspecto desleixado e os seus pátios e jardins estão sujos e maltratados.
Continuando o meu caminho entrei noutro mundo.... pareceu-me entrar nun acampamento de bárbaros, como diziam os romanos. Decoração quase inexistente, pouca luz, barracas degradadas, toldos velhos, piso irregular. Vi uma feira lastimável, foi então que percebi a razão da nova entrada, aquela que o povo apressado usa! Mas que contraste, afinal a feira velha continua... apesar dos ares de modernidade.
Não vi a tradicional Feira do Artesanato, nem qualquer instalação sanitária. Como nos WC do Multiusos havia fila, em especial nos das senhoras, voltei para junto dos meus amigos e fui mijar atrás do cedro.
Sou de bronze mas, não sou burro !
Viriato
ET: Viriato, grato por mais este teu post. Razão tem o povo e daí o titulo: Haud semper errat fama (O povo (ás vezes) aumenta, mas não inventa!)

Um sinal dos Romanos

Depois do Viriato nos primar com o seus passeios pela cidade é chegada a vez de mais um leitor. E, imaginem que neste amor pela cidade que queremos melhor até os opostos se aproximam. Desta vez é Sertório que nos manda uma mensagem! Ora leiam:
"Vou contar-lhe um segredo. Eu sou o ex-General Romano Sertório, grande amigo do Viriato de quem fui o continuador, depois de desiludido com Roma. Por esse motivo conheço bem esta linda cidade e já por várias vezes, a convite do Viriato – o Lusitano, vim visitar-vos. A última vez foi em 1999 e no dia 19 de Setembro. Vou contar-lhe mais um segredo.... participei, sob disfarçe, na 19ª Meia Maratona de Viseu, organizada pelo Grupo Desportivo «Os Ribeirinhos». Além de gostar muito de correr houve outro motivo que me levou a participar nesta competição. Prestei , mais uma vez , homenagem ao herói Lusitano que com orgulho «Os Ribeirinhos» estampam nas suas camisolas. Para quem não souber o estandarte do GDR tem as as cores do Município, vermelho e amarelo, e apresenta o meu amigo em posição de desafio às águias romanas - tal como está na sua estátua. Não vou dizer em que lugar fiquei, pois isso iria conduzir, concerteza, à descoberta do meu pseudónimo. Garanto-vos que fiquei num lugar honroso para a minha idade e condição! Ora acontece que tive conhecimento da visita que fizeram ao Fontelo o Viriato e D. António Alves Martins... Lembrei-me que nesse ano a organização da Meia-Maratona de Viseu, me ofertou uma pequena publicação, que guardei com carinho, onde vinha inserido um texto intitulado :«Viseu – Cidade», retirado «com a devida vénia do Jornal Voz das Beiras», sem a indicação do seu autor e que referia o seguinte relativamente ao Fontelo. «... O do Fontelo foi votado ao ostracismo. Tem dois únicos atractivos : a sombra da mata, no Verão e a bela plumagem dos pavões. Não terão ainda os jovens arquitectos municipais pensado naquele espaço? Será necessário um concursos de ideias?». E por hoje é tudo, como continuador do Viriato.....Grato pela boa atenção.
SERTÓRIO"
Pois é, nós é que agradecemos e esperamos vê-lo por cá mais vezes!

12/08/2005

Correio dos leitores

Caro Viseu Senhora da Beira!
Viseu e Cava de Viriato, 11 de Agosto de 2005
Agradeço a publicação desta minha missiva, porque chegou aqui ao meu poleiro um «zum-zum» sobre o acontecido na minha última visita ao Fontelo. O meu amigo, o Senhor Bispo- D. António Alves Martins, faleceu no Paço do Fontelo, pobre como bom franciscano, no dia 5 de Fevereiro de 1882. Foi uma figura algo polémica por ser directo e frontal. Rafael Bordalo Pinheiro, enorme artista e caricaturista de muito mérito, o criador do Zé Povinho – o tal do manguito, representou este meu grande amigo, no seu «Álbum das Glórias» publicação que continha as figuras mais importantes da vida política e social portuguesa dos finais do Sec. IXX, da seguinte forma: Desenhou e pintou uma figura austera, decidida, confiante, de ar desafiador que se apoiava, à esquerda, num varapau e com a seguinte legenda:«Moralidade e marmeleiro» - gravura nº 22 de Novembro de 1881. Como descrevi irritou-se muito. O caso não era para menos.... se a República entregou o Fontelo à Câmara, para ser Passeio Público, não foi certamente para o ver hoje desprezado, maltratado e sujo. Assim sendo e para os que eventualmente não tenham entendido a reacção de D. António e o seu desabafo e vou esclarecer: Os porcos e sujos são, evidentemente os utentes do Parque e da Mata que os não sabem respeitar e usam os espaços como lixeira e evacuam nos locais mais recatados. Os ignorantes e esbanjadores são menos e podem ser encontrados na Casa Municipal. E já agora confesso que evitei levar o Senhor D. António à antiga Capela da Mata, junto a Gumirães, e à zona das lajes e dos medronheiros, mais acima e perto do antigo canil, para que ele não visse o seguinte e triste panorama: A Capela abandonada e vandalizada há muitos anos, acabou por ruir. As paredes restantes foram «deligentemente» consolidadas e hoje servem de latrina. O pequeno lameiro junto às lajes dos medronheiros, com ervas altas e feno seco poderão ser um óptimo rastilho para um fogo florestal.Sempre amigo e presente, Sou de bronze mas, não sou burro!
VIRIATO

Viriato, é um prazer publicar os teus escritos! Manda sempre...

Histórias antigas... ou não!

O Viriato num blog aqui ao lado, conta uma história dum passeio que deu um destes dias pelo Fontelo acompanhado pelo D. António Alves Martins (antigo Bispo de Viseu). Ora leiam e vejam lá se isto não fossem coisas da história... qualquer semelhança com a realidade é coincidência, ou não!
"Como prometido fui uma destas manhãs, no domingo passado, visitar o Fontelo e consegui convencer o meu amigo o ex-Bispo de Viseu, D. António Alves Martins a acompanhar-me. De início estava relutante e desculpou-se com a sua artrite, por fim lá fomos subindo do seu jardim na Santa Cristina, um dos melhores da nossa cidade e que ainda mantém as características que o diferenciam dos jardins modernos e baratos de manter de que a CM Viseu tanto parece gostar, em direcção ao Fontelo. Depois de passado o portal da Quinta de São Miguel deparámos com a estrada bastante deteriorada, por motivo das obras com o gás natural e com uma rotunda muito bem cuidada mas, o Portal da Cerca estava desfigurado com dois cartazes e duas floreiras. Que mau gosto ... D. António começou a mostrar descontentamento... Passado o portão da Avenida José Relvas e logo à direita, observámos as obras do novo campo de Futebol de 7, das Piscinas e do Campo 1º de Maio, obras importantes mas há já muito tempo devidas, feitas ao sabor dos ciclos eleitorais e de interesses de terceiros. D. António voltou a agitar-se... À direita as sebes estão muito mal tratadas e por aparar, não existem instalações sanitárias e como a bexiga do Senhor Bispo já não é o que era... Os jardins e canteiros estão esquecidos, foram há pouco instalados novos caixotes, em madeira, para o lixo, o parque das merendas apresentava-se varrido e limpo, faltava porém água, a da bica parecia de qualidade duvidosa, pouca e o tanque estava muiíssimo sujo. Faz muita falta a barraca que até a pouco vendia bebidas, refrescos, gelados e alguns alimentos. Ao meio-dia as mesas estavam apinhadas de gente, excursionistas de passagem que aproveitavam a sombra. Também um gato, grande, gordo, preto e malhado se passeava por ali à procura de comida e de algumas festinhas.O Pavilhão Desportivo, uma das vergonhas da Câmara, será remodelado em breve? Os taludes estão muito maltratados, os cedros a precisar de limpeza e ao lado, junto à Associação de Futebol de Viseu e já na Quinta de São Miguel, situa-se uma pequena lixeira e as casas de banho...que são ao ar livre.... é só saltar o muro para gozar de alguma privacidade! Entrando na mata e subindo à direita foi possível ver pedras a esmo, garrafas, embalagens variadas, excrementos humanos, mais lixo e caminhos em mau estado. Na mata que foi invadida pelas heras ou está coberta de folhas e lixo, fica tudo: árvores secas e quebradas, ramos partidos, secos, cepos de árvores e restos de alguns raros trabalhos de “limpeza”. Não descortinámos árvores novas e cuidadas. As mortas e doentes não são abatidas, nem substituídas, caminhos limpos e varridos só como se diz, “onde passa a procissão”. Silvas e outros invasores podem ser facilmente encontradas, à esquerda de quem sobe, na zona que antecede o portão que dá para a estrada de Mangualde. Os pequenos lagos que existem mais abaixo estão muito sujos. À medida que descíamos para o Largo de São Jerónimo, o Senhor Bispo mostrava-se cada vez mais indignado e já começava a brandir o bastão a que se arrimava. No largo vimos os restos de velhos carvalhos que ficaram a “servir de enfeite” no meio do alcatrão e duas árvore novas, as únicas que denotavam alguma intervenção humana. A Fonte de São Jerónimo, local de boas recordações de D. António, encontrava-se suja, com teias de aranha e com a fonte e o tanque com aspecto desleixado. Por ali vivem duas pequenas e esquivas rãs que apanhavam banhos de sol e fugiram, para de baixo de uma lage, logo que nos avistaram. Beber, nem pensar... demasiada sujidade e se não houver cuidado é trambolhão pela certa. No recente e moderno bar mudaram a posição do balcão e é agora mais fácil aceder à única casa de banho, legal, existente em todo o parque. Junto da Glorieta a Grão Vasco, onde apreciámos uma boa reprodução em azulejos da sua obra prima – o quadro São Pedro, vimos que foram feitos alguns trabalhos de restauro mas continua a haver lixo. Algumas papeleiras existentes nessa zona foram vandalizadas e ainda não substituídas. O Parque Infantil foi remodelado e tem o acesso mais facilitado, pela nova calçada em cubos de granito e um corrimão em metal. Colocaram também uma grade de madeira junto ao parque para garantir a segurança dos utilizadores. Finalmente estão a proceder à reposição da calçada, junto ao muro nascente do estádio, trabalho que deveria ter sido feito há muitos anos, de saudar as flores que estão a plantar ao longo do caminho. Na zona em ruínas onde em tempos existiu um cercado que guardava um lobo, um pombal com rolas e outras aves e onde no Sec. XVI, no tempo do bispo D. Miguel da Silva (1525-1540), teriam existido passareiras, com aves raras e exóticas que eram motivo de admiração para toda a Europa, pontifica hoje o desleixo e a desolação. Quanto à operação de limpeza das heras. É uma boa iniciativa porém está a ser mal executada, é necessário cortar no solo as heras em redor do tronco e não apenas cortá-las no tronco e afastá-las um pouco. Estas tarefas devem ser efectuadas com frequência para se obterem alguns resultados. De seguida fomos visitar o antigo jardim do Paço e confirmámos que está muito diminuído pelas amputações efectuadas para construir os campos de ténis, o ringue, viveiros e estufas. Apesar de tudo ainda mantém muito do encanto do traço renascentista de Francesco de Cremona, arquitecto que D. Miguel da Silva trouxe de Roma, cidade onde foi embaixador, tendo como amigos o Papa Leão X e o genial pintor Rafael. Foi este Bispo, mais tarde Cardeal que encomendou a Vasco Fernandes, Grão Vasco, os retábulos da Sé.Do jardim passámos ao antigo Paço Episcopal de Viseu, o Senhor Bispo comoveu-se e gostou do que viu.A recuperação do antigo Paço, da capela de Santa Marta e dos anexos agradaram-lhe muito. Vi um brilho nos seus olhos, belo trabalho! Disse comovido. Depois foi uma chatice, o meu amigo viu o que andam a fazer no lameiro da quinta, falo da Avenida Engº Messias Fuschini, ficou furioso com tal palermice, levantou o bengala e fazendo juz a sua fama de agressivo e justiceiro disse:Vou buscar o marmeleiro e vou desancar os porcos, sujos, ignorantes e esbanjadores que são os responsáveis por todos estes desmandos!Tive dificuldade em segurá-lo! Queria ir logo dar umas arrochadas, ficou tão furioso e fora de si que pensei que ia morrer outra vez!
SOU DE BRONZE, MAS NÃO SOU BURRO
VIRIATO

Viriato... veia não te falta! Vai aparecendo! Não fiques só estátua