09/07/2006

1ª Ópera VIRIATO


O que melhor fixamos não é o que aprendemos mas o que amamos. Nas planícies de Castela, onde outrora houve lugares pantanais e florestas de fetos como leques cobrindo a luz do sol, eu passei um dia. Na estrada para Zamora lá estava a casa que o meu avô construiu com o engenho que lhe era próprio. Era um homem empreendedor e com mau génio que era indício de fazedor de reinos, quando havia reinos para fazer. Devias ficar-lhe bem a cota de malha e o brial com plumas. Como a Viriato, quando se deu conta que o modo de vestir torna urgente o respeito e a vassalagem. Sempre ouvi, na estreita paróquia lá de casa, que o braço de Viriato estava nas armas de Zamora. Não um braço de pastor, mas o de um guerreiro. No ano de 1904, em doze de Janeiro, Zamora descerra a estátua de Viriato erguida sobre uma enorme pedra granítica de Sayago. Desde a minha infância que eu ouvi as pícaras histórias de sayagueses, famosos pelo génio calado e recolhido. (…) Em terceiro lugar (coisa extraordinária), o licor Viriato, feito na pequena fábrica de Corrales, foi invenção do meu avô Lourenço, homem de muitos engenhos e competências, e que nesse começo de século se casou em Corrales del Vino com uma mulher formosa de nome Agustina.(…)

“Fama e Segredo na História de Portugal”, de Agustina Bessa-Luís Ficção, Romance Histórico Desenhos, Colagens e Fotografias de Luís Miguel Castro Concepção artística de Luís Miguel Castro, Vinhetas dos capítulos de Tomás Pracana Colecção três sinais, da Guerra & Paz, Editores, S.A., Maio de 2006

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