Notas & Comentários
Mariano Benlliure
Passou em 8 de Setembro o 1º centenário do nascimento deste insigne escultor, glória da vizinha Espanha e imortal da arte universal.
Nas referências da imprensa ao acontecimento, não deixou de justamente citar-se entre as obras primas do saudoso artista, o momento de Viseu, da Cava do Viriato. Pode, com efeito, discutir-se a verdade ou rigor históricos da concepção do artista, assim da figuração do caudilho lusitano mais componentes do grupo escultórico, tal qual se mostram, meio escondidos, na atitude de arremeterem de surpresa as legiões romanas invasoras; mas ninguém pode negar o primor da plastização e a arte perfeita do conjunto no todo e no pormenor, a denunciarem a dedada inegulável desse mago da escultura que foi o consagrado artista madrileno.
(...) desejamos também frisar, mais uma vez nestas páginas, a reconhecida necessidade de dar ao monumento que nos honra uma melhor arrumação, libertando-o do fundo do arvoredo sobre que morre o bronze das figuras, cujas proporções sob a massa desmesurada dos dois lanços da Cava e extensão do local se amesquinham lamentavelmente. Para mais o monumento acha-se mutilado, uma vez que, pela impossibilidade de acomodar no mesmo plano do conjunto a simbólica loba romana que o completava e lhe dá sentido histórico, houve que a remover para o Parque do Fontelo, onde, isolada, também ela é peça sem simbolismo nem qualquer significado. Isto que foi doloroso para o insigne artista e não menos para Almeida Moreira que tanto patrocinou então a preferência dada a Mariano Benlliure, ficou assim mesmo, por circunstâncias prementes da ocasião não permitirem então remediar o erro que inicialmente se não vira.
Ficou assim e... assim está. Todavia, como no caso doutros monumentos de Viseu, também Viriato de Benlliure reclama a atenção das entidades locais para que oportunamente se remova a melhor e mais conveniente local.
(...) Há simplesmente que, como em tudo o que mais, também no campo da arte e nos domínios do espírito, tem a sua parte o demo do dinheiro... e sob esse aspecto, e para quem manda, a inoportunidade, é sempre manifesta...
Lucena e Vale
In “Revista Beira Alta”, Revista trimestral para a publicação de documentos e estudos relativos às terras da Beira Alta, Volume XXII, 1962, Fascículos III e IV, 3º e 4º Trimestres, Viseu
Com toda a humildade confesso que me permito discordar da opinião reafirmada, à data, pelo muito ilustre Dr. Alexandre de Lucena e Vale, essa figura impar da cultura e sociedade viseenses. O Dr. Alexandre (Viseu, 8 de Fevereiro 1896/1 Março de 1978) foi um primoroso escritor, conferencista, historiador, municipalista, crítico literário, etnógrafo, arqueólogo e poeta. Recusou diversos convites para cargos políticos, de relevo, em Lisboa e dedicou-se à sua família, a Viseu e à sua Beira. Foi autor, entre outras obras de: “Viseu Monumental e Artístico”- 1947 e “Beira Alta Terra e Gente” – 1958.
Sou de opinião que o monumento estava, até há poucos anos, bem enquadrado com a impropriamente designada, desde o séc. XVI, e que assim ficará para o futuro - “Cava de Viriato”. Se foi por falta de verba que o monumento não foi transferido para outro local, ainda bem. Quanto à loba, fica muito bem onde está, no penedo sobre a Fonte de São Jerónimo, no Fontelo.
Já estaríamos, certamente, de acordo na condenação do abandono a que continuam votados a Mata do Fontelo, a Cava e o mutilado, enterrado e invisível à noite - Monumento a Viriato, e também em denunciar o desperdício e o mau gosto das obras realizadas no Campo de Viriato (Campo da Feira de São Mateus), túnel e praça. Agora que abunda o dinheiro, muitas Câmaras Municipais, fazem obras de mau gosto e sem respeito pelos sinais do passado.
É caso para dizer – se é para estragar... é melhor ficarem quietos!
Não foi este o caso, mudaram para muito pior, infelizmente.
Amigo do Viriato
Mariano Benlliure
Passou em 8 de Setembro o 1º centenário do nascimento deste insigne escultor, glória da vizinha Espanha e imortal da arte universal.
Nas referências da imprensa ao acontecimento, não deixou de justamente citar-se entre as obras primas do saudoso artista, o momento de Viseu, da Cava do Viriato. Pode, com efeito, discutir-se a verdade ou rigor históricos da concepção do artista, assim da figuração do caudilho lusitano mais componentes do grupo escultórico, tal qual se mostram, meio escondidos, na atitude de arremeterem de surpresa as legiões romanas invasoras; mas ninguém pode negar o primor da plastização e a arte perfeita do conjunto no todo e no pormenor, a denunciarem a dedada inegulável desse mago da escultura que foi o consagrado artista madrileno.
(...) desejamos também frisar, mais uma vez nestas páginas, a reconhecida necessidade de dar ao monumento que nos honra uma melhor arrumação, libertando-o do fundo do arvoredo sobre que morre o bronze das figuras, cujas proporções sob a massa desmesurada dos dois lanços da Cava e extensão do local se amesquinham lamentavelmente. Para mais o monumento acha-se mutilado, uma vez que, pela impossibilidade de acomodar no mesmo plano do conjunto a simbólica loba romana que o completava e lhe dá sentido histórico, houve que a remover para o Parque do Fontelo, onde, isolada, também ela é peça sem simbolismo nem qualquer significado. Isto que foi doloroso para o insigne artista e não menos para Almeida Moreira que tanto patrocinou então a preferência dada a Mariano Benlliure, ficou assim mesmo, por circunstâncias prementes da ocasião não permitirem então remediar o erro que inicialmente se não vira.
Ficou assim e... assim está. Todavia, como no caso doutros monumentos de Viseu, também Viriato de Benlliure reclama a atenção das entidades locais para que oportunamente se remova a melhor e mais conveniente local.
(...) Há simplesmente que, como em tudo o que mais, também no campo da arte e nos domínios do espírito, tem a sua parte o demo do dinheiro... e sob esse aspecto, e para quem manda, a inoportunidade, é sempre manifesta...
Lucena e Vale
In “Revista Beira Alta”, Revista trimestral para a publicação de documentos e estudos relativos às terras da Beira Alta, Volume XXII, 1962, Fascículos III e IV, 3º e 4º Trimestres, Viseu
Com toda a humildade confesso que me permito discordar da opinião reafirmada, à data, pelo muito ilustre Dr. Alexandre de Lucena e Vale, essa figura impar da cultura e sociedade viseenses. O Dr. Alexandre (Viseu, 8 de Fevereiro 1896/1 Março de 1978) foi um primoroso escritor, conferencista, historiador, municipalista, crítico literário, etnógrafo, arqueólogo e poeta. Recusou diversos convites para cargos políticos, de relevo, em Lisboa e dedicou-se à sua família, a Viseu e à sua Beira. Foi autor, entre outras obras de: “Viseu Monumental e Artístico”- 1947 e “Beira Alta Terra e Gente” – 1958.
Sou de opinião que o monumento estava, até há poucos anos, bem enquadrado com a impropriamente designada, desde o séc. XVI, e que assim ficará para o futuro - “Cava de Viriato”. Se foi por falta de verba que o monumento não foi transferido para outro local, ainda bem. Quanto à loba, fica muito bem onde está, no penedo sobre a Fonte de São Jerónimo, no Fontelo.
Já estaríamos, certamente, de acordo na condenação do abandono a que continuam votados a Mata do Fontelo, a Cava e o mutilado, enterrado e invisível à noite - Monumento a Viriato, e também em denunciar o desperdício e o mau gosto das obras realizadas no Campo de Viriato (Campo da Feira de São Mateus), túnel e praça. Agora que abunda o dinheiro, muitas Câmaras Municipais, fazem obras de mau gosto e sem respeito pelos sinais do passado.
É caso para dizer – se é para estragar... é melhor ficarem quietos!
Não foi este o caso, mudaram para muito pior, infelizmente.
Amigo do Viriato
Fecharam-me na rede e deixaram aqui ficar o caixote...
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